Sala de exposição do Museu João Batista Conti. Foto: Luiza Guerra.
Sobre o projeto Imprensa Atibaiense (1890-1966)
A composição do acervo do Museu João Batista Conti revela fragmentos do cotidiano e da vida de pessoas que habitaram Atibaia desde o século XXVII. Dentre as peças que mais chamam a atenção do público estão telhas, tijolos, ferros de passar roupa, louças, vestes, medalhas, moedas, mobiliário. Também estão presentes objetos que lembram o passado escravocrata da cidade, como algemas, correntes, chicotes, retratos. O próprio edifício é bastante impressionante, pois estão preservadas características do antigo cárcere que funcionou ali durante muito tempo.
Em 2021, conheci uma outra parte do acervo do museu, tão preciosa quanto os objetos expostos nos dois andares de sua arquitetura secular: a coleção de jornais antigos publicados em Atibaia desde 1890. Por ocasião da direção do curta-metragem “Atibaia 70” e da redação da série de reportagens “Violência Espraiada”, passei alguns dias pesquisando publicações atibaienses da época da ditadura militar brasileira.
E foi assim, mergulhando nas notícias registradas naquelas páginas amareladas, que fiquei fascinada pela hemeroteca do museu. Diante da fragilidade do material - e levando em consideração que nenhuma parte daquele acervo tinha sido digitalizada - percebi a urgência da realização deste trabalho.
Transformar as versões originais em um conteúdo digitalizado e disponível online é uma forma de preservar a história de Atibaia e da região bragantina como um todo. Assim, as informações e registros presentes nestes materiais ficam protegidos contra deterioração física, perdas ou danos irreversíveis - que podem ser causados por inúmeros fatores, como eventos catastróficos (incêndios e desastres naturais) e mesmo pelo simples manuseio, pois a manipulação constante de documentos físicos pode acelerar o desgaste.
Além disso, a versão digital permite que o acervo seja acessado de forma mais ampla. Pesquisadores, estudantes, historiadores e o público em geral podem explorar a riqueza histórica dos jornais sem a necessidade de estar fisicamente presente no museu. A digitalização torna o acervo mais funcional e o acesso a ele mais democrático. Facilitar a pesquisa dos jornais possibilita que sejam resgatadas histórias e eventos esquecidos ao longo do tempo, contribuindo para uma compreensão mais completa e precisa da história da cidade e região.
Neste primeiro passo do processo de digitalização da hemeroteca, selecionei os títulos que foram tombados pelo Museu João Batista Conti como patrimônio histórico e cultural de Atibaia. Este recorte compreende publicações datadas de 1890 a 1966 - todas disponíveis neste site, na seção “Acervo de jornais”.
Etapa do processo de digitalização dos jornais. Foto: Rita Moura.
O projeto “Imprensa Atibaiense: 1890 - 1966. Do papel para a tela” foi contemplado pelo chamamento público para seleção de projetos culturais com recursos da Lei Complementar 195, de 08 de julho de 2022, conhecida como “Lei Paulo Gustavo” - criada para incentivar e reaquecer o setor cultural, gravemente afetado pela pandemia de covid-19, garantindo a distribuição eficiente dos recursos e a execução de projetos em todo o território nacional.
O apoio da equipe do museu foi fundamental para a realização deste trabalho. Agradeço à Dani, Eliana e à Rita Moura pela disponibilidade. Agradecimentos também ao Thiago Cervan, responsável pelo apoio técnico, e ao Marco Aurélio de Mello Junior, que construiu o site.
A equipe do museu: Dani, Rita e Eliana. Foto: Thiago Cervan.
Luiza Guerra.
Realizadora do projeto “Imprensa atibaiense: 1890 – 1966. Do papel para a tela”.
Trabalha com comunicação social, é educadora popular e produtora cultural.
Contato: @__luiza.guerra
Foto: Karina Iliescu